quarta-feira, 2 de julho de 2014

As putas da Liberdade


Já passavam das 22hs quando eu virava a esquina da João Mendes com a avenida Liberdade. Bem ali tem um barzinho bem bacana, com porções boas, cerveja com preço honesto e tudo mais. Mal cruzei o bar, uma moça (já não tão moça assim) para na minha frente, sem nenhum tipo de abordagem introdutória e pergunta: "Moço, vamo no hotel?".

"Não, obrigado moça." Achei engraçado e bizarro. No instante seguinte, uns cinco passos a frente, dois jovens, adolescentes mesmo, me param e perguntam como chegar no bairro da Luz. "Vish... tá meio longe... Vai por aqui..." e tals. Eles se olharam por um segundo e logo mandaram a real:

"Então, nóis tamo procurando memo uns puterinho. Cê sabe onde tem uns puterinho aqui perto?"

"Olha cara, seguindo aqui mesmo na avenida tem umas portinhas de hotel que sempre tem umas putas na frente. É só seguir."

"Ow! Valeu, mano!"

Seguiram. Um deles saiu pulando e comemorando que hoje era dia de "fazê um sexo". Hilário. Santo fogo juvenil. Segui caminhando a trás deles, por uns minutos e vi que eles passaram uma das tais portinhas. Gritei pra eles, e indiquei o lugar, apontando com o dedo. Eles deram meia volta, agradecerem e foram lá.

Mais um instante depois, passando por outra portinha, mais a frente, uma outra "moça" vem descendo a escada e grita lá de dentro "Moço! Espera! Vem aqui! Deixa eu te perguntar uma coisa..."

Sem pensar duas vezes, fui até a porta e respondi "Moça, eu não to procurando você não, mas tem dois caras ali que tão". Indiquei os moleques pra ela. Ela agradeceu e me deu boa noite.

Job's done.

(Caio Miranda, São Paulo, 01/07/2014)

Nenhum comentário:

Postar um comentário